<i>TAP</i>: Contas de Sumir

Manuel Gouveia
A propósito do Grupo TAP, tem sido o País inundado com números, milhões em prejuízos duma empresa que só poderia ser salva com a privatização e a redução de salários e direitos dos seus trabalhadores. São no essencial contas de sumir, onde, não só um mais um deixam de ser dois como qualquer rigor e objectividade desaparecem no malabarismo de gestores públicos e ministros ao serviço de grupos económicos privados.
Na TAP, os prejuízos anunciados são de 280 milhões. Nas contas do Governo, a solução é fazer entrar capital privado e reduzir os custos com pessoal. Mas o Governo não consegue explicar como uma empresa com mais de 2 mil milhões de facturação e custos com o pessoal inferiores a 390 milhões apresenta este prejuízo, e ainda se cauciona a sua gestão reconduzindo-a.
Na SPdH, os prejuízos anunciados são de 32 milhões. Mais uma vez, o Governo apresenta como solução reduzir salários e direitos, flexibilizar e despedir. Nas contas do Governo, uma redução de 40% nos custos com pessoal é a solução. Nas contas dos trabalhadores, o problema reside na subfacturação e no dumping que as duas empresas do handling aeroportuário praticam (SPDH e Portway, ambas públicas) numa concorrência sem outro nexo que não seja a facilitação da sua privatização.
Nas Lojas Francas, o ano de 2008 terminou com um aumento da facturação e com lucros de 8 milhões. Razão para pagar aos administradores prémios de gestão ao mesmo tempo que se recusava qualquer aumento salarial por causa «da crise». Para os trabalhadores ficava feita a demonstração final que no Grupo TAP a «solução» do Governo é sempre a mesma.
Nestes três exemplos de empresas do Grupo TAP, o que é tornado público são números seleccionados para uma operação de propaganda, numa equação sem incógnitas cujo resultado está pré-estabelecido: privatizar e intensificar a exploração. O objectivo é fazer sumir a realidade de um grupo público que muito contribui para a economia nacional (mais de 2% do PIB), que cria riqueza e promove o desenvolvimento nacional, com o objectivo de facilitar a sua apropriação privada. Em oposição, o PCP e os trabalhadores lutam por somar a esta realidade as vantagens de uma gestão democrática das empresas públicas.


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